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visita guiada a uma paisagem desaparecida [guided tour of a vanished landscape]

2019 
Ação realizada no centro do Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto, com a
participação das atrizes/performers Carolina Virgüez, Denise Stutz e Gisele Fróes.
[Action held in downtown Rio de Janeiro, on August 16, featuring
actresses/performers Carolina Virgüez, Denise Stutz and Gisele Fróes.]
Colaboração de Adriano Guimarães na elaboração dos textos e na dramaturgia.
[With the collaboration of Adriano Guimarães in the elaboration of the texts and the dramaturgy.]
Fotografias de [Photos by] Renato Mangolin.


* Projeto realizado durante uma residência artística no ArtSonica - Laboratório
de experimentação artística, Rio de Janeiro, 2019, financiado pelo Oi Futuro.

[* Work done during an artistic residency at ArtSonica - Laboratory of
artistic experimentation, Rio de Janeiro, 2019, financed by Oi Futuro
.]

A cidade do Rio de Janeiro foi fundada em 1565, em uma estreita faixa de terra entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar. Mas, depois da batalha de Uruçumirim, em 1567, o Governador Geral do Brasil determinou que a cidade fosse transferida para o alto do Morro do Castelo por motivos estratégicos. Sobre o monte, era possível ter uma vista privilegiada da Baía da Guanabara, podendo-se ver quais embarcações entravam e saiam. Ali, foi erguida a primeira igreja, o primeiro colégio, a primeira cadeia, o primeiro cemitério e a primeira forca do Rio de Janeiro. Elevando-se a uma altura de 63 metros – o equivalente a um prédio de 24 andares –, o Castelo ocupava a área hoje delimitada pelas ruas Santa Luzia, D. Manuel, São José e pela Avenida Rio Branco, no Centro da cidade. O Morro do Castelo foi demolido na década de 1920. A sua demolição implicou na remoção e desalojamento de mais de quatro mil pessoas. Grande parte da terra do monte foi jogada às margens da antiga praia de Santa Luzia e no prolongamento da Ponta do Calabouço – onde hoje se encontra o Aeroporto Santos Dumont e o Museu de Arte Moderna –, servindo para os aterros que abrigaram a Exposição do Centenário da Independência de 1922. Outra parcela menor de terra foi transportada para a obra de aterramento do bairro Urca.

Esse projeto se propôs a realizar um processo de criação sobre a história do Morro do Castelo, tendo como ponto de partida uma extensa pesquisa iconográfica, bibliográfica e documental, abrangendo mais de 400 anos. Como ele foi o núcleo urbano inicial do Rio, as histórias da cidade e do morro se confundem. Além disso, o Morro é atravessado por muitas narrativas divergentes, às vezes, completamente opostas. Existiu uma “disputa narrativa” sobre as razões para o arrasamento do Morro, travada entre as camadas sociais mais elevadas – governo, elite social e econômica e a maior parte da imprensa –, que eram a favor do desmonte do Morro, mesmo que isso implicasse na remoção e desalojamento de milhares de pessoas, e as camadas mais humildes – os moradores do Morro, que na sua maioria eram imigrantes italianos, alguns órgãos de imprensa, como foi o caso do Jornal do Brasil, e alguns escritores e intelectuais da época, como Lima Barreto –, que eram contra a realização da obra.

Durante o desenvolvimento do projeto, a pesquisa histórica foi conjugada com diversas caminhadas pelo Centro do Rio, com o intuito de identificar as imediações e o que sobrou do monte no panorama da cidade. A partir disso, foram identificados 12 pontos relevantes para a história do Morro do Castelo e, para cada um deles, foi construída uma narrativa que entrelaçou a história do local escolhido, a história do Morro e a história da cidade.

O resultado do processo de criação se tornou a ação Visita guiada a uma paisagem desaparecida, realizada no Centro do Rio de Janeiro, que se baseou nos serviços de visita guiada para turistas. Quem chega ao Rio e quer ajuda para conhecê-lo com maior profundidade, dispõe de uma imensa cartela de possibilidades. Excursões prometem desde visitas aos cartões-postais da cidade até à incursão nos hábitos locais – como o turismo gerado pelo carnaval, que oferece aos estrangeiros o gostinho de algumas atividades genuinamente “cariocas”.

Três atrizes/performers foram convidadas para, no dia 16 de agosto de 2019, receberem e conduzirem o grupo da Visita guiada pelos 12 pontos do Centro, contando histórias sobre o Rio de Janeiro, tendo o Morro do Castelo como catalizador dos acontecimentos.

The city of Rio de Janeiro was founded in 1565, on a narrow strip of land between the Cara de Cão and Pão de Açúcar hills. But after the battle of Uruçumirim in 1567, the Governor General of Brazil determined that the city be moved to the top of Morro do Castelo for strategic reasons. Over the hill, it was possible to have a privileged view of the bay of Guanabara, being able to see which boats in and out. There was erected the first church, the first school, the first jail, the first cemetery and the first gallows of Rio de Janeiro. Rising to a height of 63 meters - the equivalent of a 24-story building - the Castle occupied the area today bounded by Santa Luzia, D. Manuel, São José streets and Rio Branco Avenue, in downtown Rio de Janeiro. Morro do Castelo was demolished in the 1920s. Its demolition led to the removal and displacement of over four thousand people. Much of the land was thrown on the shores of the old Santa Luzia beach and on the outskirts of Ponta do Calabouço - where Santos Dumont Airport and the Museum of Modern Art are today - serving the landfills that hosted the Centennial Exhibition Independence of 1922. Another smaller parcel of land was transported to the Urca neighborhood grounding work.

This project set out to create a process about the history of Morro do Castelo, having as its starting point an extensive iconographic, bibliographical and documentary research, covering more than 400 years. As it was the initial urban core of Rio, the stories of the city and the hill get mixed up. In addition, the hill is traversed by many divergent, sometimes completely opposite narratives. There was a “narrative dispute” about the reasons for the breakdown of the hill, waged between the higher social strata - government, social and economic elite and most of the press - who were in favor of dismantling the hill, even if it implied the removal and displacement of thousands of people, and the most humble strata - the residents of the hill, who were mostly Italian immigrants, some newspapers, such as Jornal do Brasil, and some writers and intellectuals of the time, such as Lima Barreto - who were against the accomplishment of the work.

During the development of the project, the historical research was combined with several walks through in downtown Rio de Janeiro, in order to identify the surroundings and what is left of the hill in the city panorama. From this, 12 points relevant to the history of Morro do Castelo were identified and, for each of them, a narrative was constructed that intertwined the history of the chosen place, the history of the hill and the history of the city.

The result of the creation process became the action Guided tour of a vanished landscape held in downtown Rio de Janeiro, which was based on business services guided for tourists. Those who come to Rio and want help getting to know them in greater depth have a huge array of possibilities. Excursions promise from visits to the city's postcards to incursion into local habits - such as carnival-generated tourism, which offers foreigners a taste of some genuinely “carioca” activities.

Three actresses/performers were invited to, on August 16, 2019, receive and conduct the tour group Guided tour of a vanished landscape by the 12 points in downtown, telling stories about Rio de Janeiro, with the Morro do Castelo as a catalyst of events.

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