olhar o olho olhando [watching the eye watching]
2011
Fotografia impressa sobre papel algodão; vidro.
[Photo printed on cotton paper; glass plates.]
130 x 170 x 4 cm [cada políptico/each polyptych]
No início de sua trajetória artística, Ismael Monticelli frequentemente utilizava o vidro como material principal. Embora tradicionalmente associado à transparência, o artista explorava suas propriedades de opacidade e reflexividade ao sobrepor, rearranjar, espelhar, espaçar e jatear as chapas vítreas. O vidro, assim, transcende suas qualidades físicas, assumindo dimensões conceituais, estéticas, políticas e éticas.
Em Olhar o olho olhando, Monticelli utiliza o vidro de forma narrativa, integrando-o em uma cena. Neste trabalho, um personagem é fotografado diante de diferentes paisagens naturais. Cada fotografia é reproduzida quatro vezes e disposta lado a lado, com a única distinção sendo a quantidade de camadas de vidro encapsulando cada imagem: a primeira possui quatro camadas, a segunda, oito, a terceira, doze, e a quarta, dezesseis.
O título da obra sugere a contínua ação de "olhar o olho olhando". As cenas, como armadilhas para o ato de ver, direcionam nosso olhar através das miradas dos personagens, dos objetos que se revelam ou se escondem misteriosamente e, principalmente, através do ar, da luz e da fisicalidade alterada das placas de vidro. Estas compõem um regime óptico que oscila entre transparência e opacidade. Segundo Monticelli, "o enigma da transparência reside na capacidade do vidro de me fazer ver as coisas de maneira diferente da habitual".
In the early stages of his artistic career, Ismael Monticelli frequently used glass as his primary material. Although traditionally associated with transparency, the artist explored its properties of opacity and reflectivity by overlaying, rearranging, mirroring, spacing, and sandblasting the glass sheets. Thus, the glass transcends its physical qualities, assuming conceptual, aesthetic, political, and ethical dimensions.
In Watching the eye watching, Monticelli uses glass narratively, integrating it into a scene. In this work, a character is photographed in front of different natural landscapes. Each photograph is reproduced four times and arranged side by side, with the only distinction being the number of layers of glass encapsulating each image: the first has four layers, the second eight, the third twelve, and the fourth sixteen.
The title of the work suggests the continuous action of "watching the eye watching." The scenes, like traps for the act of seeing, guide our gaze through the characters' glances, the objects that mysteriously reveal or hide themselves, and, primarily, through the air, the light, and the altered physicality of the glass sheets. These elements compose an optical regime that oscillates between transparency and opacity. According to Monticelli, "the enigma of transparency lies in the ability of glass to make me see things differently from the usual."