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como expatriar narrativas?

[how to expatriate narratives?] 2019

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* Projeto realizado durante uma residência artística em La Becque Résidences d'artistes, em La Tour-de-Peilz, Suíça, viabilizada pela Bolsa para Artistas Sul Americanos 2019, Projeto Coincidencia, Fundação Pro Helvetia
[* Work done during an artistic residency at La Becque Résidences d'artistes, La Tour-de-Peilz, Switzerland, 2019, supported by the Residency Grant for South American Artists 2019, Coincidência Project, Pro Helvetia Foundation]

Durante os 322 anos de colonização do Brasil (1500–1822), grande parte dos relatos sobre o país foi registrada por estrangeiros, cujas perspectivas frequentemente definiam as narrativas locais. Entre esses observadores estava Carl Seidler, um jovem suíço-alemão de apenas dezesseis anos que chegou ao Brasil em 1826, sonhando em fazer fortuna. Contratado pelo exército imperial para lutar na Guerra Cisplatina, Seidler enfrentou desilusões em vez de sucesso. Após dez anos no país, ele retornou à Europa e publicou “Dez anos no Brasil”, um livro que alterna entre a admiração pelas paisagens tropicais e duras críticas à cultura, política e povo brasileiros.

 

“Como expatriar narrativas?” reflete sobre o impacto do olhar estrangeiro, especialmente no contexto colonial, subvertendo o legado de Seidler ao devolver sua narrativa à Suíça. Durante três meses de residência na Suíça, o artista produziu uma série de vídeos diários, publicados no Instagram como um diário visual de um viajante brasileiro nos Alpes. Os vídeos, todos mudos e em preto e branco, possuem uma leve distorção cônica, evocando a subjetividade da memória e da percepção. Suas legendas foram extraídas de passagens do livro de Seidler, recontextualizadas no ambiente suíço.

 

Essa prática performativa e audiovisual propõe um deslocamento narrativo: devolver à Suíça as observações de Seidler, agora reimaginadas através do olhar contemporâneo de um brasileiro. A obra questiona as dinâmicas do turismo, da colonização e do exotismo, ao mesmo tempo em que problematiza o poder das narrativas históricas na construção da memória coletiva.

During Brazil’s 322 years of colonization (1500–1822), much of the country’s history was recorded by foreign travelers, whose perspectives often shaped local narratives. Among them was Carl Seidler, a 16-year-old Swiss-German who arrived in Brazil in 1826, dreaming of fortune. Hired by the imperial army to fight in the Cisplatine War, Seidler faced disappointment instead of success. After spending ten years in the country, he returned to Europe and published “Ten Years in Brazil”, a book oscillating between admiration for tropical landscapes and harsh critiques of Brazilian culture, politics, and people.

 

“How to Expatriate Narratives?” reflects on the impact of foreign perspectives, particularly within a colonial context, by subverting Seidler’s legacy and returning his narrative to Switzerland. During a three-month residency in Switzerland, the artist created a series of daily videos, shared on Instagram as a visual diary of a Brazilian traveler in the Alps. These silent, black-and-white videos feature a subtle conical distortion, evoking the subjectivity of memory and perception. Their captions are drawn from passages in Seidler’s book, recontextualized within the Swiss environment.

 

This performative audiovisual practice proposes a narrative displacement: returning Seidler’s observations to Switzerland, now reimagined through the contemporary lens of a Brazilian artist. The work interrogates themes of tourism, colonization, and exoticism, while critically examining the power of historical narratives in shaping collective memory.

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